terça-feira, 11 de março de 2008
Vai um precatório aí?
A Gazeta Mercantil desta terça-feira traz um exemplo de uma nova modalidade de investimento de empresas estrangeiras no Brasil. Nada de compra de empresas estatais agora privatizadas ou compra de ações da Petrobrás ou da Vale. Agora, o grande investimento de pelo menos três fundos estrangeiros é a compra dos precatórios. Para quem não sabe o que este palavrão significa, aí vai uma pequena explicação:
Segundo a própria Gazeta, os precatórios seriam (uma ordem judicial irrecorrível para que o governo pague a dívida ao credor). Trocando em miúdos, os precatórios seriam como notas promissórias com valores superiores a 60 salários mínimos, que o governo deve pagar a algum beneficiário. A diferença é que esta ordem é expedida pela justiça. De uma forma ou de outra, o governo terá de pagar o valor. Inclusive, o valor a ser pago ao credor já fica previsto no orçamento da união do ano seguinte à determinação do pagamento pela justiça. A única saída que o governo tem para amenizar este valor é dividir o pagamento em dez parcelas anuais, passando parte da dívida para ser paga nos orçamentos dos próximos governos. E é nesse parcelamento que os investidores estrangeiros estão ganhando.
A tática é muito simples: As pessoas que estão com a posse dos precatórios e que não querem esperar os dez anos para receber o total do dinheiro, além dos juros corrigidos, vendem estes “títulos” a fundos estrangeiros por intermédio das empresas de advocacia que atendem os donos dos precatórios. Aproveitando que os credores querem o dinheiro rápido, os fundos de investimento compram estes precatórios por valores mais baratos que o valor estipulado, já que não se preocupam em ter um investimento a médio prazo.
Precatórios que valem um bilhão de reais chegam a ser vendidos por “míseros” 250 milhões. Um investimento que quadruplica o valor em 10 anos, com pouca margem de risco. E os precatórios mais procurados são o do Estado de São Paulo e os Federais. Está aí uma nova tática de investimento. Para os que quiserem ir atrás, precisam simplesmente ter, no mínimo, R$ 24.900,00 e procurar um grande escritório de advocacia mais próximo. Hehehehehehe.
Ah, e não é a primeira vez que os precatórios entram na roda. No final da década de noventa, eles foram os personagens principais da CPI dos Títulos Públicos, mas isso é uma outra história... Talvez eu coloque no próximo post. Hehehehehehe.
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Um comentário:
Pra quem não entendeu:
Gringos multimilionários dão trocados a brasileiros apressadinhos, ganhando em troca um papel que vale uma grana, mas que o governo demora a pagar.
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