quarta-feira, 26 de março de 2008
CESP: Privatização e Fracasso
Quem, não se lembra da disputa nas eleições de 2002, em que de forma magistral os publicitários da campanha de Lula conseguiram associar à imagem do então candidato José Serra a idéia de que assim que assumisse a cadeira de Presidente da República, iniciaria um processo macabro de privatizações, como se ele fosse vender o país para o capital estrangeiro, dando seqüência ao projeto neo-liberalista de seu partido. Como exemplo, eles tinham a venda das empresas de telecomunicações e a tão discutida venda da Vale do Rio Doce. A estratégia foi tão bem feita, que boa parte dos debates, Serra precisou se defender dizendo que não privatizaria tudo, ou tentando explicar que a privatização demoníaco.
Bom, a privatização de uma empresa foi assunto da roda dos economistas nesta terça-feira (25) Desta vez, a empresa estatal que iria ser leiloada era a CESP, Companhia Energética de São Paulo. No entanto, essa condicional não teve sucesso e o seria permaneceu. O leilão foi um tremendo fracasso e a empresa do estado comandado pelo ex-candidato a presidente em 2002 e atual governador de São Paulo, José Serra, ficou sem comprador.
Bom, a bagatela mínima para adquirir a companhia que responde por quase 10% de toda a energia elétrica do país era de R$ 6,6 bilhões. Das cinco companhias internacionais que participaram do leilão, nenhuma quis se arriscar neste valor, muito menos aplicar o R$ 1,74 bilhão de garantia para participar da disputa. Muitos analistas, inclusive o jornal Financial Times, atribuíram o fracasso à crise econômica e a toda essa instabilidade que o mundo está passando com a incerteza da recessão nos Estados Unidos.
Bom, José Serra atribuiu o fracasso a uma tentativa das empresas pra que o governo do estado baixasse o preço. Até porque para adquirir a empresa, além dos 6,6 bilhões, precisa-se de mais 6 bilhões para pagar as dívidas da empresa e mais aproximadamente 10 bilhões para comprar as ações dos sócios minoritários. Um negócio de quase R$ 22 bilhões.
Além disso, outro possível motivo levantado pelos analistas é de que o tempo de rendimento do negócio é curto. A CESP é composta por hidrelétricas estatais e privadas. No negócio, as empresas privadas seriam concedidas à CESP por 30 anos, mas no caso das estatais, a concessão seria até 2015. Ou seja, apenas 7 anos de usufruto. Depois disso, estas empresas voltam ao estado e eles decidiriam o que fazer: ou privatizar, ou renovar as concessões mediante pagamento. De qualquer forma, um negócio de apenas sete anos não é tão interessante diante do valor de compra.
Resultado: São Paulo ficará com a CESP por mais algum tempo.
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